sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Milton Gonçalves



Milton Gonçalves, em arte, usa o próprio nome. Nasceu em Monte Santo, Minas Gerais, em 09 de dezembro de 1933. Família muito pobre, os pais eram catadores de café. Para melhorar de vida, o pai resolveu ir para a capital de São Paulo, onde se tornou pedreiro e a mãe, empregada doméstica. Com mais dois irmãos, a família foi se ajeitando, mas Milton pouco pode estudar. Mas era inteligente, atento e começou a trabalhar cedo em diversas profissões. Em criança foi babá, depois aprendiz de sapateiro, aprendiz de alfaiate, gráfico, até que teve contato com o teatro. Estava trabalhando em uma gráfica, quando, ao imprimir programas para a peça, ganhou duas entradas. Foi assistir a peça e se encantou.

Já tinha ido ao cinema, mas teatro, gente “de carne e osso”fazendo aquilo ! Pensou: “Eu posso. Eu também quero fazer isso”. E acabou ganhando um papel numa peça infantil: “O Soldado de Chocolate”, escrita por Pernambuco de Oliveira. Na mesma sala de espetáculos havia uma peça para adultos: “O dote”, onde conseguiu o papel de um escravo, pois Milton é negro, e só “alguns” papéis serviriam para ele. Gianfrancesco Guarnieri o assistiu e gostou. Daí começou realmente sua carreira.

Foi para o “Teatro dos Novos Comediantes”, depois para o “Teatro de Arena”. Foi uma grande escola. Ali estavam os grandes da época, inclusive Guarnieri, Lima Duarte, Chico de Assis, Riva Nimitz, Boal. Foi uma época muito importante, criativa, inovadora. Nela foi feita toda a série de “Arena conta”, “Arena conta Zumbi”, “Arena conta Tiradentes”, além de grandes sucessos como: “Eles não usam Black Tie”. Eram também feitos cursos de interpretação, de dramaturgia, o que deu a Milton uma ampla visão do teatro. Ficou realmente um conhecedor da profissão.

Daí, passar para a televisão, foi um pulo. Fez TV Tupi de São Paulo, concomitantemente com Teatro. E ingressou também no cinema. Sofreu, na época da Revolução de 64, e só não morreu, “porque Deus não quis”. Chegou a ser metralhado, quando fazia “Grandes Sertões Veredas”. Chegou a TV Globo quando essa era inaugurada. É ele umas das 50 pessoas que está lá, desde o início até hoje. Ganhou bons papéis. Aumentou os horizontes para os interpretes negros. Fez cada vez coisas mais ousadas. Fez: “Véu de Noiva”, “Um Homem que Deve Morrer”, “Selva de Pedra”, “Carga Pesada”, “A Grande Família”, “Baila Comigo”, “Pecado Capital”, “Irmãos Coragem”, “Anjo de Mim”, e muitos outros trabalhos, entre novelas, mini-séries e Casos Especiais. E não fez só papéis de “escravo” e “empregado”. Fez doutores, fez um médium, e coisas de muito gabarito. E também dirigiu. Desde o Arena estava apto para isso.

Grandes novelas aconteceram com a sua batuta, entre elas: “Escrava Izaura” , novela que foi ao ar em quase todo mundo. Sempre respeitado e querido, ganhou muitos prêmios. No cinema, porém, é que foi mais premiado. Com o filme “A rainha diaba”, por exemplo, ganhou os quatro principais prêmios que existiam. O prêmio Air-France, inclusive. Fez ao todo, mais de cem filmes, com papéis grandes e pequenos. Participou também de Macunaíma, e contracenou com muitos artistas estrangeiros, como Jacqueline Bisset, Raul Julia e outros. Viajou o mundo todo.

Casado há 33 anos com dona Oda, Milton Gonçalves tem três filhos. É religioso, frequenta o candomblé, e é um ser político. Pertence ao PMDB. Foi porta voz das “Diretas Já”, ao lado de Osmar Santos. E sempre esteve nas lides políticas, pois acha que sua obrigação, como cidadão, é lutar por um Brasil melhor, ele que o conhece bem, pois foi operário e é negro. Milton é feliz, mas diz que está sempre “em busca da verdade”, desejando a todos que “O Arquiteto do Universo cubra a todos de luz”.



Fonte: http://biografias.netsaber.com.b

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