sábado, 31 de dezembro de 2011

Arrelia



O primeiro artista circense a aparecer na televisão brasileira, famoso pelo programa "Cirquinho do Arrelia", que estreou na TV Paulista em 1953. "Saímos porque a situação da TV chegou a um ponto que eles já não pagavam mais ninguém", conta o palhaço. O programa era produzido em um estúdio bem pequeno, uma antiga lavanderia. Tudo era feito com muito esforço e criatividade. Ainda em 1953, ele foi para a TV Record, onde ficou até 1974 - um sucesso de 21 anos que apagaria de vez na lembrança os tempos difíceis da TV Paulista. Divertindo adultos e crianças, cumprimentava com a famosa frase: "Como vai? Como vai? Como Vai? Muito bem, muito bem, bem, bem". Um dos segredos do sucesso do “Cirquinho do Arrelia” era a dedicação do palhaço ao circo e o estudo que fazia de seu personagem, para manter o interesse do público.

Waldemar Seyssel, seu nome na vida real, nasceu em Jaguariaiva, estado do Paraná, em 31 de dezembro de 1905. Filho de família circense, seus antepassados já trabalhavam nos picadeiros na França. O avô era um conde francês, que um dia se apaixonou por uma moça de circo, e por ela deixou o seu castelo e tudo o mais. Daí a família ficou sempre trabalhando em circo e percorreu diversos países até aportar no Brasil, acompanhando o Circo Charles Brothers. Arrelia, nome que lhe foi dado por um tio, e que o achava muito travesso, já com um mês entrou em cena, pois precisavam de um garoto chorão. E Arrelia chorava tanto, que aquilo provocou risadas no público. E o garoto "arreliento", foi aprendendo de tudo: malabarismo na cama elástica, no trapézio e nas barras juntamente com seus irmãos.

Quando maior, começou a entrar nas "pantomimas" (peças teatrais) e tornou-se um garoto bonito e alto. Estreou como palhaço em 1922, no Cambucí. Entretanto, só em 1927, em Uberaba que nasceu o Arrelia, numa cena improvisada e bastante cômica, quando Waldemar foi obrigado a substituir um palhaço do circo. Seus irmãos o pintaram, vestiram e o empurraram para o picadeiro. Waldemar caiu de mal jeito, fez trejeitos e caretas, levantou mancando e o público ria e aplaudia freneticamente, pensando que era graça.

Arrelia morava sempre em casas alugadas pela família e não debaixo da lona de circo. E a mãe fez questão que ele estudasse. Waldemar Seyssel conseguiu entrar na Faculdade de Direito São Francisco, e se formou advogado. Isso foi uma realização e um orgulho para o pai e a mãe, mas nem por isso Waldemar deixou de ser Arrelia. Já tinha deixado o Circo Chileno, do tio, e formado a Companhia Seyssel. Aí começou a verdadeira ascensão de Arrelia. Só instalado no Largo da Pólvora, em São Paulo, a companhia ficou 11 anos. Além de vários outros lugares, e várias outras cidades.

Nessa época foi inaugurada a TV Tupi de São Paulo, e Arrelia tornou-se o primeiro palhaço a participar, até mesmo nos programas-teste, que aconteceram no Hospital das Clínicas, em São Paulo em setembro de 1950. Criou quadros famosos, como o que aparecia só com uma bengala, e o número fazia delirar os espectadores. Também criou e gravou músicas para o carnaval, e para o folclore nacional, como o "Como vai, como vai, como vai ? ". Só na TV Record ficou 21 anos, apresentando-se todas as semanas com o "Circo do Arrelia". Arrelia, seu irmão Henrique, que o acompanhou sempre, e seu sobrinho Pimentinha, com quem formou dupla posteriormente, colocaram o circo em uma posição de importância, dentro da televisão. Arrelia foi casado com Dona Arlete, com quem teve filhos, netos e bisnetos. Ele faleceu aos 99 anos, em 23 de maio de 2005.


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