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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Charles Perrault



Charles Perrault (Paris, 12 de janeiro de 1628 - Paris, 16 de maio de 1703) foi um escritor e poeta francês do século XVII, que estabeleceu bases para um novo gênero literário, o conto de fadas, além de ter sido o primeiro a dar acabamento literário a esse tipo de literatura, feito que lhe conferiu o título de Pai da Literatura Infantil. Suas histórias mais conhecidas são Le Petit Chaperon rouge (Chapeuzinho Vermelho), La Belle au bois dormant (A Bela Adormecida), Le Maître chat ou le Chat botté (O Gato de Botas), Cendrillon ou la petite pantoufle de verre (Cinderella), La Barbe bleue (Barba Azul) e Le Petit Poucet (O Pequeno Polegar). Contemporâneo de Jean de La Fontaine, Perrault também foi advogado e exerceu algumas atividades como superintendente do Rei Luís XIV de França.

A maioria de suas histórias ainda hoje são editadas, traduzidas e distribuídas em diversos meios de comunicação, e adaptadas para várias formas de expressões, como o teatro, o cinema e a televisão
, tanto em formato de animação como de ação viva.

Primeiros anos

Charles Perrault nasceu em 1628 em Paris. Quinto filho de Pierre Perrault e Paquette Le Clerc da alta burguesia, completou seus estudos sozinho, por ter se desentendido com um professor. Dá início aos seus estudos em 1637, no colégio de que viria a concluir aos quinze anos, tendo demonstrado um certo Beauvais, talento para as línguas mortas. Seu irmão Claude Perrault tornou-se um renomado arquiteto. Em 1643 ingressa no curso de Direito e, em 1651, com apenas vinte e três anos, consegue o seu diploma, tornando-se advogado.

Profissão

Em 1654, Perrault torna-se funcionário junto do seu irmão mais velho Pierre, cobrador geral do reino e, depois de ter publicado uma série de odes dedicadas ao rei, torna-se assistente de Colbert, o famoso conselheiro de Luís XIV. Em 1665 passou a ser superintendente das obras públicas do reino e, dois anos mais tarde, ordena a construção do Observatório Real, de acordo com as plantas do seu irmão Claude.

No ano de 1671 é eleito para a Academia Francesa de Letras e no dia da sua inauguração permitiu ao público presenciar a cerimónia, privilégio continuado ainda nos nossos dias. No ano seguinte, não só é nomeado chanceler da Academia, como contrai matrimónio com Marie Guichon.

Vida pessoal

Ele casou-se em 1672 com Marie Guichon, 19, que morreu em 1678 dando à luz uma menina e três filhos deficientes que morreram em seguida por não terem como sobreviver no orfanato depois que seu pai mandou eles irem pra lá isso aconteceu em 1685.

Morte

Perrault faleceu na madrugada de 16 de maio de 1703, com 73 anos, em sua casa em Paris. Seus pais faleceram logo após sua morte.

Carreira literária

Querela dos Antigos e dos Modernos

Na Academia Francesa, Charles Perrault protagonizou uma longa disputa intelectual, batizada de Querela dos Antigos e dos Modernos. Os Antigos eram escritores que acreditavam na superioridade da antiguidade greco-romana sobre toda e qualquer produção francesa. Os Modernos, contudo, defendiam que a produção literária francesa não era inferior aos clássicos do passado. Perrault liderava o grupo dos Modernos e tentou provar a superioridade da literatura de seu século com as publicações Le Siècle de Louis le Grand (1687) e Parallèle des Anciens et des Modernes (1688–1692).

Contos de fadas

Em 1695, aos 62 anos, perdeu seu posto como secretário. Idoso, resolveu registrar as histórias que ouvia de sua mãe e nos salões parisienses. O livro, publicado em 11 de janeiro de 1697, quando contava quase 70 anos, recebeu o nome de Histórias ou contos do tempo passado com moralidades, mas também era chamado de "Contos da Velha" e "Contos da Cegonha", ficando, afinal, conhecido como "Contos da mamãe gansa". A publicação rompeu os limites literários da época e alcançou públicos de todos os cantos do planeta, além de marcar um novo gênero da literatura, o conto de fadas. Foi, ao fazer isto, o primeiro a dar acabamento literário a esses tipos de histórias, antes apenas contadas entre as damas dos salões parisienses.

Obra

Contos da Mamãe Gansa

Publicado em 1697 sob o título Histórias ou contos do tempo passado com moralidades, embora tenha ficado conhecido por seu subtítulo: Contos da mamãe gansa. As morais vinham em forma de poesia, que encerravam cada história.

Outras

  • Le Siècle de Louis le grand
  • Parallèle des anciens et des modernes en ce qui regarde les arts et les sciences. Dialogues avec le poème du siècle de Louis-le-Grand et une épitre en vers sur le génie (1688)
  • L’Énéïde burlesque (1648)
  • Les Murs de Troyes, ou L’origine du burlesque (1649)
  • Dialogue de l’amour et de l’amitié (1660)
  • Le Miroir, ou la Métamorphose d’Orante (1661)
  • Le Labyrinthe de Versailles (1670). Prosa de Charles Perrault, verso de Isaac de Benserade.
  • Saint Paulin, évesque de Nole, poème, avec une epistre chrestienne sur la pénitence, et une ode aux nouveaux-convertis (1686).
  • La Chasse. À monsieur de Rosières.
  • Les Hommes illustres qui ont paru en France pendant ce siècle, avec leurs portraits au naturel (2 volumes, 1696-1700)
  • Contes de ma mère l’Oye, ou Histoires ou contes du temps passé avec des moralités, Contos da Mamãe Ganso (1697).
  • Mémoires de ma vie. Voyage à Bordeaux (1709)
  • Mémoires.
  • Courses de têtes et de bagues, faites par le roi et par les princes et seigneurs de sa cour (Paris, 1670.)
  • Recueil de divers ouvrages en prose et en vers (Paris, 1675)
  • Saint Paulin, évêque de Nole, poema (Paris, 1686)
  • Poème de la peinture

Ver também

Fonte: Wikipédia


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

João Cabral de Melo Neto

Descendente de tradicionais famílias de Pernambuco e da Paraíba, João Cabral de Melo Neto foi o segundo dos seis filhos de Luiz Antonio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro Leão Cabral de Melo.

Nasceu no Recife, capital do Estado de Pernambuco, no dia 9 de janeiro de 1920, mas como seu pai era senhor de engenho, passou parte da infância e adolescência em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno. A vida no campo marcou profundamente o poeta.

Apesar da vivência nos grandes centros, Cabral nunca se adaptou à cidade grande e à agitação do mundo urbano, sentindo-se para sempre um homem do interior. Na infância feliz, seu tempo era dividido entre as brincadeiras na casa grande com Virgínio, seu irmão mais velho a quem era muito unido, e os passeios a cavalo pelo canavial. João Cabral era uma criança sensível e, desde pequeno, demostrava preocupação com o ser humano, numa atitude muito singular para sua pouca idade.

Por volta dos oito anos de idade, ele morava com a família em Recife e ía para o engenho no tempo das férias. Seu irmão Virgínio lembrou que, aos domingos, o administrador do engenho ia à feira fazer as compras de mantimentos para a casa. Nestas ocasiões João Cabral dava-lhe dinheiro e encomendava a compra de folhetos de cordel. À tarde ele ia para a moita do engenho e, com os empregados todos ao redor de si, lia três, quatro folhetins para o pessoal do engenho.

O contato com os trabalhadores da usina seria uma experiência fundamental para o poeta pois, mais tarde, na vida adulta, viajando pelo mundo como diplomata, Cabral teria o necessário distanciamento para ver melhor, com preocupação e pungência, a verdadeira realidade do nordeste e retratá-la em sua obra.

De forma bem humorada o escritor Décio Pignatari definiu assim o poeta João Cabral: "Ele tem um lado popular que se chama João Cabral e tem um lado aristocrático que se chama Melo Neto. Então, ele é, um pouco, todo este universo conflituado e passou quarenta anos tentando resolver este conflito."


Em 1930, ano da revolução, terminava a Primeira República. Começava a Era Vargas e, por complicações políticas com o presidente Getúlio Vargas, seu pai, Luís Antônio Cabral de Melo, foi obrigado a abandonar o engenho. No Recife, um novo mundo menos acolhedor e tranqüilo se apresentava ao poeta e, apesar das brincadeiras nos trilhos de trem e dos alegres acompanhamentos no corso em época de carnaval, a vida já não era tão feliz.

Matriculado no colégio Marista onde cursou até o secundário, Cabral sofria profundamente com a severidade do estabelecimento. Criança tímida embora avessa a tudo aquilo, não conseguia se rebelar, desenvolvendo uma personalidade introspectiva, séria e profundamente angustiada. Apesar de toda racionalidade com que sempre enxergou a vida manteve, para sempre, um terrível medo do inferno com suas labaredas, caldeirões e todo aquele mundo tenebroso de culpa e pecado com que os padres costumavam ameaçá-lo.

No Recife, a visão dos retirantes fugitivos da seca, dos miseráveis habitantes dos manguezais, o contraste entre os casarões e os mocambos construídos dentro da lama, também afetariam o poeta. Uma realidade que mais tarde se transformaria num outro elemento importante de sua poesia participante.


Fonte: http://www.casadobruxo.com.br

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Casimiro de Abreu

"Oh! que saudades que tenho/Da aurora da minha vida,/Da minha infância querida/Que os anos não trazem, mais!/Que amor, que sonhos, que flores,/Naquelas tardes fagueiras,/À sombra das bananeiras,/Debaixo dos laranjais!"

Esses versos, que compõem a primeira estrofe do poema Meus Oito Anos, tornaram-se os mais conhecidos da obra de Casimiro José Marques de Abreu, poeta que integra a chamada 2ª geração do Romantismo brasileiro. Filho de uma família rica, Casimiro de Abreu iniciou seus estudos em Nova Friburgo (RJ), aos dez anos, mas não chegou a completar o curso de Humanidades. Seu pai, o negociante português José Joaquim Marques de Abreu, o obrigou a trabalhar no comércio, na cidade do Rio de Janeiro, contrariando sua vocação para as letras.

Em 1853, Casimiro foi mandado para Lisboa, onde viveu por quatro anos. A perda dos sonhos da infância, a melancolia, a solidão e principalmente a saudade gerada pela distância da pátria e da família serviram de inspiração aos seus primeiros versos: "estando em minha casa à hora da refeição, pareceu-me escutar risadas infantis da minha mana pequena. As lágrimas brotavam e fiz os primeiros versos de minha vida, que teve o título Ave Maria".

Em Portugal, além dos poemas, o escritor obteve certo êxito no teatro com sua peça Camões e o Jau (1856). Entretanto, também contraiu tuberculose, o que o obrigou a retornar ao Rio de Janeiro, em 1859. Teve tempo de ver seu único livro de poesias, Primaveras, ser publicado às custas do pai, antes de falecer, na fazenda da família.

Sua poesia tornou-se muito popular durante muitas décadas, devido à linguagem simples, delicada e cativante, e aos temas comuns do lirismo romântico: o amor impossível e platônico, o conflito entre o desejo e a pureza, a depressão e a morte. Também está presente em sua obra a exaltação ao sentimento patriótico e às glórias da independência. Apesar da popularidade, porém, a crítica literária considera - com razão - sua obra estereotipada e superficial.


Fonte: http://educacao.uol.com.br



domingo, 1 de janeiro de 2012

Drauzio Varella

Drauzio Varella

Drauzio Varella é médico cancerologista, formado pela USP. Nasceu em São Paulo, em 1943. Foi um dos fundadores do Curso Objetivo, onde lecionou química durante muitos anos.

No início dos anos 1970, trabalhou com o professor Vicente Amato Neto, na área de moléstias infecciosas do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Durante 20 anos, dirigiu o serviço de Imunologia do Hospital do Câncer (SP) e, de 1990 a 1992, o serviço de Câncer no Hospital do Ipiranga, na época pertencente ao INAMPS.

Foi um dos pioneiros no tratamento da AIDS, especialmente do sarcoma de Kaposi, no Brasil. Em 1986, sob a orientação do jornalista Fernando Vieira de Melo, iniciou campanhas que visavam ao esclarecimento da população sobre a prevenção à AIDS, primeiro pela rádio Jovem Pan AM e depois pela 89 FM de São Paulo.

Na Rede Globo, participou das séries sobre o corpo humano, primeiros socorros, gravidez, combate ao tabagismo, planejamento familiar, transplantes e diversas outras, exibidas no Fantástico.

Em 1989, iniciou um trabalho de pesquisa sobre a prevalência do vírus HIV na população carcerária da Casa de Detenção do Carandiru. Desse ano, até a desativação do presídio, em setembro de 2002, trabalhou como médico voluntário. Atualmente, faz o mesmo trabalho na Penitenciária Feminina de São Paulo.

Na Amazônia, região do baixo rio Negro, dirige um projeto de bioprospecção de plantas brasileiras com o intuito de obter extratos para testá-los experimentalmente em células tumorais malignas e bactérias resistentes aos antibióticos. Esse projeto, apoiado pela FAPESP, é realizado nos laboratórios da UNIP (Universidade Paulista) em colaboração com o Hospital Sírio-Libanês.

Livros publicados

* AIDS Hoje: 3 volumes em colaboração com os médicos Antonio Fernando Varella e Narciso Escaleira.

* Estação Carandiru (Companhia das Letras): Prêmio Jabuti de 2000

* Macacos (Publifolha): Faz parte da série Folha Explica

* Nas ruas do Brás (Companhia das Letrinhas): Literatura infantil; Prêmio Novos Horizontes da Feira Internacional do livro de Bolonha, Itália, e revelação de autor de literatura infantil na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em 2001.

* De braços para o alto (Companhia das Letrinhas): Literatura infantil, publicado em 2002.

* Florestas do Rio Negro: Coordenou a elaboração do livro que, sob a editoria científica de Alexandre de Oliveira e Douglas C. Daly, reúne trabalhos de vários colaboradores sobre a biodiversidade botânica da região amazônica e foi indicado para o Prêmio Jabuti em 2002.

* Maré – Vida na favela (Casa das palavras): Co-autoria: Paola Berenstein, Ivaldo Bertazzo, Drauzio Varella, Pedro Seiblitz (imagens).

* Por um fio (Companhia das Letras): Publicado em 2004.

* Borboletas da alma (Companhia das Letras): Publicado em 2006.

* O médico doente (Companhia das Letras): Publicado em 2007.

* Cabeça do cachorro (Editora Terrabrasil): Drauzio Varella, Araquém Alcântara, e Jefferson Peixoto; Ensaio publicado em 2008.


Fonte: http://drauziovarella.com.br

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Câmara Cascudo

Cascudo nasceu em 30 de Dezembro do ano de 1898, em Natal, capital do Rio Grande do Norte, e morreu nessa mesma cidade no ano de 1986. Nunca deixou a cidade, tendo incorporado essa circunstância biográfica como um ícone de sua identidade existencial e intelectual.

Seus biógrafos têm sublinhado o fato de que Cascudo sempre se definiu a si mesmo como um “provinciano”. Desde o início dos anos 1990, a obra de Cascudo vem se tornando o foco de um renovado interesse por parte dos intelectuais e dos meios de comunicação.

Seus escritos etnográficos, em sua maioria elaborada ainda na primeira metade do século XX, de certa maneira anteciparam os estudos antropológicos que floresceram no Brasil nos anos 70 e cujo foco era a vida cotidiana. Ao tempo em que escrevia seus estudos etnográficos sobre comidas, bebidas, gestos, palavrões, jangadas, redes de dormir e outros aspectos da vida cotidiana brasileira, tais temas não eram considerados objetos relevantes para cientistas sociais sérios e responsáveis. Esses profissionais estavam mais preocupados com temas tais como desenvolvimento econômico, modernização, políticas de Estado, partidos políticos, e não com aspectos vulgares da vida cotidiana

Não por acaso, Cascudo jamais veio a ser reconhecido como um “cientista social” em sentido estrito. Ainda que fosse um folclorista reconhecido nacional e internacionalmente, sempre ocupou uma posição marginal no sistema acadêmico brasileiro. Até certo ponto, sua posição pessoal expressa a marginalidade a que foram submetidos os “estudos de folclore” na vida intelectual brasileira.

Mas os seus escritos revelam alguns traços que os distinguem daqueles produzidos por outros folcloristas brasileiros. Muitas vezes, Cascudo inicia suas frases afirmando: “Nós, o povo, acreditamos que…”. Ele assume explicitamente, como autor, um ponto de vista sob o qual escreve não “sobre a”, mas “a partir da” própria cultura popular. Assume, deste modo, as categorias dessa cultura, particularmente da cultura popular do Nordeste. Por sua vez, essa cultura é identificada em seus escritos como uma espécie de “sobrevivência” (ainda que bastante viva na atualidade) herdada do Brasil “tradicional”, cuja existência histórica se desenrola do século XVI ao século XIX.

Filho do Coronel Francisco Cascudo, diretor de A Imprensa, e de D. Anna Maria da Câmara Cascudo nasceu ele quase no penúltimo ano do século XIX, em Natal, na Rua das Virgens, hoje portando seu nome, e onde há uma placa comemorativa em que se lê: “historiador da cidade de Natal, mestre do folclore e glória definitiva da cultura brasileira.” Filho único, o pai era comerciante e coronel da Guarda Nacional e a mãe dos afazeres doméstico. Morreu aos 88 anos do coração na tarde de do dia 30 de Julho do ano de 1986.

Na água do primeiro banho a mãe despejou um cálice de Vinho do Porto para o filho ter saúde e o pai a temperou com um Patacão do Império para merecer fortuna. O padre João Maria, um santo da cidade, batizou-lhe no bom Jesus das Dores, e a poetisa Auta de Souza, amiga de sua mãe, embalou seu choro forte de menino-homem.

Sonhou ser jornalista e foi. Seu pai nessa época ainda era um homem rico e instalou o jornal A Imprensa para seu filho. Nas suas páginas, o estudante que lia até a madrugada passou a exercitar o gosto de escrever, mantendo uma coluna que chamou de Bric-a-Brac (…) observando a paisagem humana e cultural da cidade e sua gente. Seu primeiro livro, Alma Patrícia, sai em 1921. É a reunião de pequenos estudos sobre poetas e prosadores na Natal de seu tempo.

Fez seus estudos de Humanidades no Ateneu Norte-Rio-Grandense e posteriormente ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia (1918) e depois na do Rio de Janeiro (1919-1922), que largou no 4º ano por dificuldades financeiras. Forma-se enfim em Direito na Faculdade do Recife (1924-1928). Iniciou suas atividades intelectuais pelo jornalismo e a crítica literária (Alma Patrícia, seu primeiro livro é de 1921).

Anos depois, com a tese Da Intencionalidade do Descobrimento do Brasil, conquista a cátedra de História do Brasil do Ateneu em que estudara; ensina ainda Etnografia Geral na Faculdade de Filosofia e conquista o posto de professor de Direito Internacional Público da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, de onde se aposenta em 1966. Excetuada a extensa colaboração esparsa em periódicos, é em especial autor de imensa obra com quase duas centenas de publicações entre livros, traduções, opúsculos, etc.

Tendo apoiado a vanguarda modernista e militado abertamente no movimento integralista brasileiro, ele vai aos poucos concentrando o seu labor na ampla tarefa de investigação tanto como historiador, em que deixa mais de meia dúzia de obras fundamentais, quanto, sobretudo, nas questões de etnografia brasileira, especialmente em suas manifestações de cultura do povo, nas quais se torna por certo uma das fontes mais seguras. Assim, há muitas décadas, os estudiosos vêm sorvendo os contributos de suas lições, particularmente neste último território

Todavia, a exaltação louvaminheira de Câmara Cascudo como folclorista, posto possa ser justa e merecida, não deixa de conter um viés empobrecedor dessa figura extraordinária, verdadeira enciclopédia de múltiplos saberes, e que foi, antes de tudo, um pensador crítico das coisas de nossa gente e de nossa cultura, e mais ainda bom historiador, armado pioneiramente de uma perspectiva antropológica que enriquecia sobremaneira tudo quanto examinava. Sem jamais ter abandonado sua vocação original de jornalista-repórter. Eis por que, um dia, reagiu de forma incisiva a essa sua identificação automática como “folclorista”.

Se deixarmos de lado produções menores anteriores, sua primeira obra fundamental é, sem dúvida, Vaqueiros e Cantadores, publicada em 1939 pela Livraria do Globo, na coleção “Biblioteca de Investigação e Cultura” dirigida por Josué de Castro, onde examina os romances tradicionais em verso, as formas mnemônicas de poesia popular, a cantoria, os ciclos do gado e do cangaço. Em seguida, dedica-se aos contos, lendas, mitos, às novelas populares, e ao conjunto de nossa literatura oral, em livros seminais como Contos Tradicionais do Brasil (1946), Geografia dos Mitos Brasileiros (1946, com que ganha prêmio da Academia Brasileira de Letras), Literatura Oral (1952, vol. VI da História da Literatura Brasileira dirigida por Álvaro Lins), Cinco Livros do Povo (1953); e em 1954 reedita com notas e comentários os 3 volumes da edição original (Lisboa, 1885) de Contos e Cantos Populares do Brasil, de Sylvio Romero. Mas o coroamento do conjunto de sua obra nessa área é o monumental Dicionário do Folclore Brasileiro (1954), de que a 2ª (1962) e a 3ª edição (1972) acrescentam mais de duas centenas de novos verbetes, ampliando a colaboração assinada de vários estudiosos do norte ao sul do país.

Também, antes e após, foi revelando o catimbó, a jangada, a rede, e inumeráveis ensaios sobre usos e costumes, superstições e crendices, ritos, jogos e festas, gestos, tradições e maneiras de ser do povo, a erudita história de nossa alimentação, etc. Deixa ainda, em 2 tomos, uma obra de síntese conceptual da etnografia geral, cujo manuscrito desapareceu e ressurgiu após vários anos, bastante mutilado, sendo fruto de cuidadosa reelaboração: Civilização e Cultural (1973). Cascudo morreu em 1986. Mesmo num autor que tinha o hábito de atribuir subtítulos modestos a seus livros com a expressão “Pesquisas e Notas”, é quase leviano pretender resumir aqui sua fértil erudição, seu primoroso estilo e a produção original e inovadora de quase 70 anos de investigação. É óbvio que teve precursores reconhecidos, como o maranhense Celso de Magalhães (A Poesia Popular Brasileira, 1873), o pesquisador pernambucano Pereira da Costa (Folk-lore Pernambucano, 1907), Sylvio Romero, Mello Moraes Filho, etc.

Obras de Câmara Cascudo

A partir de seu acervo, Carlos Lyra dividiu a obra de Cascudo em livros e plaquetes(livretos).

Utilizamos o livro de Zila Mamede, Luís da Câmara Cascudo: cinqüenta anos de vida intelectual; 1918-1968; bibliografia anotada, de 1970, para complementar a bibliografia abaixo.

Aos poucos serão acrescentados pequenos comentários e trechos dos livros abaixo relacionados.

Atualmente já estão disponíveis 20 edições das Actas Diurnas e 6 lendas, com desenhos a carvão de Martha Pawlowna Schidrowitz para uma edição especial, numerada e personalizada do livro Lendas brasileiras, editado em 1945 pela Cattleya Alba – Confraria dos Bibliófilos Brasileiros.

Bibliografia

Livros

001 – Alma Patrícia, critica literária – Atelier Typ. M. Vitorino, 1921

002 – Histórias que o tempo leva – Ed. Monteiro Lobato, S. Paulo, (out. 1923), 1924.

003 – Joio – crítica e literatura – Of. Graph. d’A Imprensa, Natal (jun), 1924

004 – Lopez do Paraguay – Typ. d’A República, 1927

005 – Conde d’Eu – Ed. Nacional, 1933

006 – O homem americano e seus temas – Imprensa Oficial, Natal, 1933

007 – Viajando o sertão – Imprensa Oficial, Natal, 1934

008 – Em memória de Stradelli – Livraria Clássica, Manaus, 1936

009 – O Doutor Barata – Imprensa Oficial, Bahia, 1938

010 – O Marquês de Olinda e seu Tempo – Ed. Nacional, S. Paulo, 1938

011 – Governo do Rio Grande do Norte – Liv. Cosmopolita, Natal, 1939.

012 – Vaqueiros e Cantadores – (Globo, 1939) – Ed. Itatiaia, S. Paulo, 1984.

013 – Antologia do Folclore Brasileiro – Martins Editora, S. Paulo, 1944

014 – Os melhores contos populares de Portugal – Dois Mundos, 1944

015 – Lendas brasileiras – 1945

016 – Contos tradicionais do Brasil – (Col. Joaquim Nabuco), 1946 – Ediouro

017 – Geografia dos mitos brasileiros – Ed. José Olímpio, 1947. 2ª edição, Rio, 1976.

018 – História da Cidade do Natal – Prefeitura Mun. do Natal, 1947

019 – Os holandeses no Rio Grande do Norte – Depto. Educação, Natal, 1949

020 – Anubis e outros ensaios – (Ed. O Cruzeiro, 1951), 2ª edição, Funarte/UFRN, 1983

021 – Meleagro – Ed. Agir, 1951 – 2ª edição, Rio, 1978

022 – Literatura oral no Brasil – Ed. José Olímpio, 1952 – 2ª edição, Rio, 1978

023 – Cinco livros do povo – Ed. José Olímpio, 1953 – 2ª edição, ed. Univ. UFPb, 1979.

024 – Em Sergipe del Rey – Movimento Cultural de Sergipe, 1953

025 – Dicionário do Folclore Brasileiro – INL, Rio, 1954 – 3ª edição, 1972

026 – História de um homem – (João Câmara) – Depto. de Imprensa, Natal, 1954

027 – Antologia de Pedro Velho – Depto. de Imprensa, Natal, 1954

028 – História do Rio Grande do Norte – MEC, 1955

029 – Notas e documentos para a história de Mossoró – Coleção Mossoroense, 1955

030 – Trinta “estórias” brasileiras – ed. Portucalense, 1955

031 – Geografia do Brasil Holandês – Ed. José Olímpio, 1956

032 – Tradições populares da pecuária nordestina –MA-IAA n.9, Rio, 1956

033 – Jangada – MEC, 1957

034 – Jangadeiros – Serviço de Informação Agrícola, 1957

035 – Superstições e Costumes – Ed. Antunes & Cia., Rio, 1958

036 – Canto de Muro – Ed. José Olímpio, (dez. 1957), 1959

037 – Rede de dormir – MEC (1957), 1959 – 2ª edição, Funarte/UFRN, 1983

038 – Ateneu Norte-Rio-Grandense – Imp. Oficial, Natal, 1961

039 – Vida breve de Auta de Souza – Imp. Oficial, Recife, 1961

040 – Dante Alighieri e a tradição popular no Brasil – PUC, Porto Alegre, 1963 – 2ª edição Fundação José Augusto (FJA), Natal, 1979

041 – Dois ensaios de História – (Imp Oficial Natal, 1933 e 1934) Ed. Universitária, 1965

042 – História da República do Rio Grande do Norte – Edições do Val, Rio, 1965

043 – Made in África – Ed. Civilização Brasileira, 1965

044 – Nosso amigo Castriciano – Imp. Universitária, Recife, 1965

045 – Flor dos romances trágicos – Ed. Cátedra, Rio, 1966 – 2ª ed. Cátedra/FJA, 1982

046 – Voz de Nessus – Depto. Cultural, UFPb, 1966

047 – Folclore no Brasil – Fundo de Cultura, Rio, 1967 – 2ª edição, FJA, Natal;, 1980

048 – História da alimentação no Brasil – Ed. Nacional (2 vols.) fev. 1963), 1967, (col. Brasiliana 322 e 323) – 2ª ed. Itatiaia, 1983

049 – Jerônimo Rosado (1861-1930) – ed. Pongetti, Rio, 1967

050 – Seleta, Luís da Câmara Cascudo – Ed. José Olímpio, Rio, 1967 – org. por Américo de Oliveira Costa. – 2ª Ed. 1972.

051 – Coisas que o povo diz – Bloch, 1968

052 – Nomes da Terra – Fundação José Augusto, Natal, 1968

053 – O tempo e eu – Imp. Universitária – UFRN, 1968

054 – Prelúdio da cachaça – IAA, (maio, 1967), 1968

055 – Pequeno manual do doente aprendiz – Ed. Universitária – UFRN, 1969

056 – Gente viva – Ed. Universitária UFPe, 1970

057 – Locuções tradicionais no Brasil – UFPE, 1970 – 2ª edição, MEC, Rio, 1977

058 – Ensaios de etnografia brasileira – INL, 1971

059 – Na ronda do tempo – Ed. Universitária, UFRN, 1971 (livro biográfico)

060 – Sociologia do Açúcar – MIC – IAA, 1971. Coleção Canavieira n. 5

061 – Tradição, ciência do povo – Perspectiva, S. Paulo, 1971

062 – Ontem – (maginações) – Ed. Universitária UFRN, 1972

063 – Uma História da Assembléia Legislativa do RN – FJA, 1972

064 – Civilização e cultura (2 vol.) – MEC/Ed. José Olímpio, 1973

065 – Movimento da independência no RN – FJA, 1973

066 – O Livro das velhas figuras – (6 vol.) – 1, 1974; 2, 1976; 3, 1977; 4, 1978; 5, 1981; 6, 1989 – Inst. Histórico e Geográfico do RN

067 – Prelúdio e fuga do real – FJA, 1974

068 – Religião no povo – Imprensa Universitária, UFPb, 1974

069 – História dos nossos gestos – Ed. Melhoramentos, 1976

070 – O Príncipe Maximiliano no Brasil – Kosmos editora, 1977

071 – Antologia da alimentação no Brasil – Livros Técnicos e Científicos ed., 1977

072 – Três ensaios franceses, FJA, 1977 (do “Motivos da Literatura Oral da França no Brasil”, Recife, 1964 – Roland, Mereio e Heptameron)

073 – Mouros e Judeus – Depto. de Cultura, Recife, 1978

074 – Superstição no Brasil – Itatiaia, S. Paulo, 1985

Plaquetes

075 – Da poesia popular narrativa no Brasil – Universidade Nacional do México, 1971

076 – Ás de Vila Diogo – Museu de Etnografia e História – Junta Distrital do Porto

077 – Assunto gago – Museu de Etnografia e História – Junta Distrital do Porto

078 – Ceca e Meca – Museu de Etnografia e História – Junta Distrital do Porto

079 – O morto no Brasil – Museu de Etnografia e História – Junta Distrital do Porto

080 – Água do Lima no Capibaribe – Museu de Etnografia e História – Junta Distrital do Porto

081 – Visão do Folclore Nordestino – Museu de Etnografia e História – Junta Distrital do Porto

082 – Uma nota sobre o cachimbo inglês – Museu de Etnografia e História – Junta Distrital do Porto

083 – Folclore nos Autos Camoneanos – Museu de Etnografia e História – Junta Distrital do Porto

084 – Divórcio no talher – Museu de Etnografia e História – Junta Distrital do Porto

085 – A cozinha africana no Brasil – Publicações do Museu de Angola, Luanda, 1964

086 – Ancha es Castilla! – Academia de Ciências de Lisboa, 1967

087 – Três notas brasileiras – Junta Distrital de Lisboa, 1970

088 – Conferência (Tricentenário dos Guararapes) – Arquivo Público, Recife, 1949

089 – A função dos arquivos – Arquivo Público Estadual, Recife, 1956

090 – Desplantes – Revista do Arquivo Municipal – S.Paulo

091 – Paróquias do Rio Grande do Norte – Depto. Imprensa, Natal, 1955

092 – A família do Padre Miguelinho – Coleção Mossoroense, 1960

093 – Ateneu Norte-Riograndense – Coleção “Juvenal Lamartine”, Natal, 1961

094 – Breve História do Palácio da Esperança – Depto. Imprensa, Natal, 1961

095 – A vaquejada nordestina e sua origem – FJA, 1976

096 – Mitos brasileiros – Cadernos de Folclore n. 6, MEC, 1976

097 – Paliçadas e gases asfixiantes entre os indígenas da América do Sul – Ed. Biblioteca do Exército, 1961

098 – Versos (Lourival Açucena) – Typ. A República, Natal, 1927

099– A Carnaúba – in Revista Brasileira de Goegrafia, p. 159 – IBGE, 1964

100 – Alexander Von Humboldt – 1969

101 – Natal – (Revista Potyguar), 1939 – Coleção Mossoroense, 199l

102 – Caraúbas, Assu e Santa Cruz – (Revista Potiguar, 1938), Coleção Mossoroense, 1991

103 – Paróquias do Rio Grande do Norte – Depto. Imprensa, 1955 – Coleção Mossoroense, 1992

104 – Três poemas de Walt Whitman – Imprensa Oficial, Recife, 1957 – Coleção Mossoroense, 1992

105 – Mossoró e Moçoró – Coleção Mossoroense, 1991 – Consultando São João – Depto. Imprensa, Natal,

1949.

Mais plaquetes e outras publicações

106 – O mais antigo marco colonial do Brasil. 1934

107 – Intencionalidade no descobrimento do Brasil. Natal, 1935

108 – O homem americano e seus temas. Natal, 1935

109 – Uma interpretação da couvade. São Paulo, 1936

110 – Conversas sobre a hipoteca. São Paulo, 1936

111 – Os índios conheciam a propriedade privada. São Paulo, 1936

112 – O brasão holandês no Rio Grande do Norte. 1936

113 – Notas para a história do Ateneu. Natal, 1937

114 – O marquês de Olinda e o seu tempo. São Paulo, 1938

115 – Peixes no idioma tupi. Rio de Janeiro, 1938

116 – Governo do Rio Grande do Norte. Natal, 1939

117 – Informação de história e etnografia. Recife, 1940

118 – O nome potiguar. Natal, 1940

119 – O povo do Rio Grande do Norte. Natal, 1940

120 – As lendas de Estremoz. Natal, 1940

121 – Fanáticos da serra de João do Vale. Natal, 1941

122 – O presidente parrudo. Natal, 1941

123 – Seis mitos gaúchos. Porto Alegre, 1942

124 – Sociedade Brasileira de Folclore. 1942

125 – Lições etnográficas das Cartas Chilenas. São Paulo, 1943

126 – Antologia do folclore brasileiro. São Paulo, 1944

127 – Os melhores contos populares de Portugal. Rio de Janeiro, 1944

128 – Simultaneidade de ciclos temáticos afro-brasileiros. Porto, 1948

129 – Tricentenário de Guararapes. Recife, 1949

130 – Gorgoncion; estudo sobre amuletos. Madri, 1949

131 – Consultando São João. Natal, 1949

132 – Ermet Mell’Acaia e la consulta degli oracoli. Nápoles, 1949

133 – O folclore nos autos camponeanos. Natal, 1950

134 – Custódias com campainhas. Porto, 1951

135 – Conversa sobre direito internacional público. Natal, 1951

136 – Os velhos estremezes circenses. Porto, 1951

137 – Atirei um limão verde. Porto, 1951

138 – Com Dom Quixote no folclore brasileiro. Rio de Janeiro, 1952

139 – A mais antiga igreja do Seridó. Natal, 1952

140 – O fogo de 40. Natal, 1952

141 – O poldrinho sertanejo e os filhos do vizir do Egito. Natal, 1952

142 – Tradición de un cuento brasileño. Caracas, 1952

143 – História da imperatriz Porcina. Lisboa, 1952

144 – A origem da vaquejada do nordeste brasileiro. Porto, 1953

145 – Alguns jogos infantis no Brasil. Porto, 1953

146 – Casa dos surdos. Madri, 1953

147 – Contos de encantamento. 1954

148 – Contos exemplares. 1954

149 – No tempo em que os bichos falavam. 1954

150 – Comendo formigas. Rio de Janeiro, 1954

151 – Os velhos caminhos do Nordeste. Natal, 1954

152 – Cinco temas do Heptameron na literatura oral. Porto, 1954

153 – Pereira da Costa, folclorista. Recife, 1954.

154 – Lembrando Segundo Wanderley. Natal, 1955

155 – Notas sobre a paróquia de Nova Cruz. Natal, 1955

156 – Leges et consuetudines nos costumes nordestinos. Havana, 1955

157 – História do município de Santana do Matos. Natal, 1955

158 – Vida de Pedro Velho. Natal, 1956

159 – Comadre e compadre. Porto, 1956

160 – Tradições populares da pecuária nordestina. Rio de Janeiro, 1956

161 – Universidade e civilização. Natal, 1959

162 – A noiva de arraiolos. Madri, 1960

163 – Temas do Mireio no folclore de Portugal e Brasil. Lisboa, 1960

164 – Conceito sociológico do vizinho. Porto, 1960

165 – Etnografia e direito. Natal, 1961

166 – Grande fabulário de Portugal e Brasil. Lisboa, 1961

167 – Motivos da literatura oral da França no Brasil. Recife, 1964

168 – Prelúdio e fuga. Natal, [1966] 107.Voz de Nessus (inicial de um Dicionário brasileiro de superstições). Paraíba, 1966

169 – Mouros, franceses e judeus; três presenças no Brasil. Rio de Janeiro, 1967

Outras traduções e anotações

170 – Açucena, Lourival. Versos reunidos. 1920

171 – Montaigne e o índio brasileiro. São Paulo, 1940. Tradução e notas do capítulo ‘Des caniballes’, dos Essais

172 – Koster, Henri. Viagens ao Brasil. São Paulo, 1942. Tradução e notas

173 – Viagens ao Nordeste do Brasil – Henry Koster (tradução comentada) Estado de Pernambuco, 1942 e 2ª ed. 1978

174 – Hart, Charles Frederick. Os mitos amazônicos da tartaruga. 1952

175 – Romero, Sílvio. Contos populares do Brasil. Rio de Janeiro, 1954. Introdução e notas.

176 – Romero, Sílvio. Cantos populares do Brasil. 2

177 – Barbosa, Domingos Caldas. Poesia. 1958

178 – Nobre, Antônio. Poesia. 1959

179 – Melo Moraes Filho. Festas e tradições populares do Brasil. Belo Horizonte, 1979. Revisão e notas

180 – Melo Moraes Filho. Os ciganos e cancioneiro dos ciganos. Belo Horizonte, 1981. Revisão e notas.

Inéditos

181 – História da literatura norte-riograndense

182 – História do município do Ceará-Mirim

183 – História do Rio Grande do Norte para as escolas

184 – História da carnaúba

185 – Nomes de ruas e praças da cidade do Natal

186 – O livro dos patronos

187 – Brazilian Folk-lore

188 – J. Poranduba Amazonense, de Barbosa Rodrigues

189 – Mitologia indígena do Amazonas, de Charles Frederick Hartt

Livros sobre Câmara Cascudo

01 – Viagem ao Universo de Câmara Cascudo. Américo de Oliveira Costa, 1969.

02 – Luís da Câmara Cascudo: cinqüenta anos de vida intelectual; 1918-1968; bibliografia anotada. Zila Mamede, 1970.

03 – Uma Câmara vê Cascudo. Carlos Lyra.

04 – Luís da Câmara Cacudo – Sua vida e Sua obra. Homenagem do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, 1969. Editora Pongetti.

05 – Saturnino, Cascudo e o Clube dos Inocentes. José Melquíades de Macedo, 1992

06 – Lembranças do meu avô. Newton Cascudo Roberti Leite. Coleção Mossoroense – Série C – Volume 795

- 1992

07 – Câmara Cascudo- um brasileiro feliz. Diógenes da Cunha Lima, 1978 (1 a edição), 1993 (2 edição), 1998 (3 edição).

08 – Luís da Câmara Cascudo- Bibliografia comentada; 1968-1995. Vânia Gicco, 1996.

09 – A presença de Câmara Cascudo em Goiás. Seleção e organização de Getúlio Araújo, 1998.

10 – Câmara Cascudo- Um Homem Chamado Brasil. Gildson Oliveira, 1998 – Editora Brasília Jurídico.


Memorial de Câmara Cascudo

O Memorial Câmara Cascudo representa uma homenagem do Governo do Estado ao mais eminente homem de letras, inteligência e cultura do Rio Grande do Norte com projeção internacional. A administração do Memorial é vinculada à Fundação José Augusto, órgão cultural do governo estadual. O prédio que desde 10 de fevereiro abriga o Memorial Câmara Cascudo foi construído em 1875 para abrigar a Tesouraria da Fazenda, no mesmo lugar onde existira o edifício do Real Erário, construído no século XVIII.

O Memorial tem como objetivo preservar e divulgar a vida e a obra de Luís da Câmara Cascudo, abordando diversos aspectos. O principal destaque é a biblioteca particular de Câmara Cascudo, com cerca de 10 mil volumes de diversos assuntos como folclore, religião, História, biografias e romances. A biblioteca é considerada “rara” por possuir obras do início do século passado e livros em diversos idiomas. Grande parte dos livros tem anotações de próprio punho de Cascudo e dedicatórias dos autores.

Além dos livros que compõem a biblioteca, encontram-se ainda as correspondências de Cascudo com diversos intelectuais como Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Carlos Drummond e Gilberto Freyre.

O Memorial abriga ainda a exposição permanente O Mestre Câmara Cascudo em um total de cinco salas que abordam aspectos estudados pelo mestre em sua vasta obra literária.

As duas primeiras salas são compostas por quadros com fotos que retratam passagens marcantes na vida de Câmara Cascudo.

As outras três salas abrigam o Estudo da cédula, com quadros indicando o estudo feito pelo Banco Central para o lançamento da cédula de cinqüenta mil cruzeiros (Cr$ 50.000) homenageando Câmara Cascudo; Arte popular, com mamulengos e peças feitas pelos artesãos Chico Santeiro, Neném e Chiquinha; e a Sala da magia, abordando temas como catimbó, Judas, sincretismo religioso, superstições e outros estudados por Cascudo.

No decorrer dos anos, Cascudo tem sido homenageado de várias maneiras. A mais tradicional tem sido dar seu nome à instituições ligadas à cultura. Aqui você vai conhecer um pouco do Memorial Câmara Cascudo, da biblioteca e do museu que levam seu nome e ainda terá uma oportunidade única: fazer uma visita à casa da “Junqueira Aires”, onde Cascudo viveu a maior parte de sua vida.


Muitas outras homenagens têm sido feitas a Câmara Cascudo: pelo governo federal, pela Caixa Econômica, pelos Correios, pela prefeitura de Natal, por empresas e particulares. Conheça mais algumas delas.

CÉDULA

Cascudo ilustrou a nota de Cr$ 50.000 na Era Collor.


Loteria

A Caixa Econômica também homenageou Câmara Cascudo.


Postal

Outra homenagem da Caixa Econômica.


Selo Homenagem dos correios no ano do Centenário.


Conta de Energia No mês do centenário, uma homenagem nas contas de energia



Conto de Câmara Cascudo

A Gulosa disfarçada

Um homem casara com excelente mulher, dona -de -casa arranjadeira e honrada, mas muito gulosa. Par disfarçar seu apetite fingia-se sem vontade de alimenta-se sempre que o marido a convidava nas refeições. Apesar desse regime, engordava cada vez mais e o esposo admirava alguém poder viver com tão pouca comida. Uma manhã resolveu certificar-se se a mulher comia em sua ausência. Disse que ia para o trabalho e escondeu-se num ligar onde podia acompanhar os passos da esposa.

No almoço, viu-a fazer umas tapiocas de goma, bem grossas, molhadas no leite de coco, e comê-las todas, deliciada. Na merenda, mastigou um sem número de alfenins finos, branquinhos e gostosos. Na hora do jantar, matou um capão, ensopado em molho espesso, saboreando-o. À ceia, devorou um prato de macaxeiras, enxutinhas, acompanhando-as com manteiga.

Ao anoitecer, o marido apareceu, fingindo-se fatigado. Chovera o dia inteiro e o homem estava como se tivesse passado, como realmente passara, o dia à sombra. A mulher perguntou:

- Homem, como é que trabalhando na chuva você não se molhou?

O marido respondeu:

- Se a chuva fosse grossa como as tapiocas que você almoçou, eu teria vindo ensopado como o capão que você jantou. Mas como era fina como os alfenins que você merendou e eu fiquei enxuto como as macaxeiras que você ceou.

A mulher compreendeu que fora descoberta em seu disfarce e não mais escondeu o seu apetite ao marido.

Observamos que no título- A gulosa disfarçada – a seleção lexical para caracterizar a personagem como aquele que age pelo excesso e pelo dissimulado, já que gulosa e disfarçada. Sabe-se que a gula é considerada um dos grandes pecados do homem, pois o alimento além de ser considerado sagrado, sua ingestão deve ser apenas o suficiente para saciar a fome regular; por outro lado, deve, também, ser divido, tal como o repartir o pão, do preceito bíblico. Ser disfarçada rompe com regras sociais de todos os tempos, pois significa que há algo que não possa ser mostrado ao outros; isto é, um segredo, uma crença, uma mentira, um distúrbio de caráter. Do mesmo modo, qualquer que seja a falta disfarçada mostra que a personagem rompe com as normas daquela sociedade, cuja representação se dá na figura do marido, de quem deve esconder seu distúrbio, seu pecado e de quem espera a reprovação e o castigo.

Procurando atenuar tais características na mulher, observamos que ela é apresentada como sendo excelente mulher, dona-de-casa arranjadeira e honrada. Ou seja, as qualidades apresentadas são aquelas que indiciam o ideal de conduta feminina para aquela sociedade, sendo ela excelente como mulher, com os cuidados da casa, dando-lhe ordem e mantendo a honra. São três os adjetivos para reforçar tal ideal, significando compreender que essas são qualidades pelas quais as moças devem primar. Em contraposição, um único adjetivo – guloso – precedido de um intensificador- muito - e antecedido por um marcador argumentativo –mas- provoca a tensão na narrativa e transfere a atenção do ouvinte para o pólo negativo das condutas desta personagem. Este pólo será o ponto de referência para que, no conto, sejam construídos os argumentos que evidenciam o comportamento repreensivo da mulher, fato que traz ameaça ao papel do homem naquela estrutura social.

Na seqüência da narrativa, apresenta-se a desconfiança do marido sobre a conduta da esposa, razão que o leva a mentir-lhe sobre ir ao trabalho, esconder-se e vigiá-la como objetivo de surpreendê-la em sua falta. Esse procedimento do marido faz-nos perceber o papel do homem que se vê no direito, senão na obrigação, de vigiar a mulher a fim de que possa corrigir-lhe a falta. Essa passagem atesta-nos que, realmente, por tais crenças, o homem tem o dever vigiar os atos da esposa e, mais ainda, o poder de praticar ações de controle sobre ela. Note-se que nada de negativo é enunciados sobre a conduta do marido que mentiu, faltou ao trabalho, vigiou os passos da esposa, e quando retorna a casa ao final do dia fingiu-se fatigado. Todos esses procedimentos remetem-se a marcos de cognições sociais que corroboram as atitudes do marido, que são acatadas pela sociedade, expressos por um discurso, em cujo enunciado, nada há que aponte para o seu inverso.

No decorrer da narrativa, as qualidades primeiras, pelas quais a mulher fora apresentada, não mais é mencionada; pelo contrário, a seqüência narrativa traz todos os atos da mulher que reforçam o ser gulosa. Em todas as refeições, ela se farta com as mais preciosas iguarias, sempre em quantidades tão exageradas que não seria normal a qualquer ser humano, muito menos a uma mulher: viu-a fazer umas tapiocas de goma, bem grossas, molhadas no leite de coco, e comê-las todas, deliciada. Na merenda, mastigou um sem número de alfenins finos, branquinhos e gostosos. Na hora do jantar, matou um capão, ensopado em molho espesso, saboreando-o. À ceia, devorou um prato de macaxeiras, enxutinhas, acompanhando-as com manteiga.

Ao final da narrativa, após o marido revelar a descoberta do segredo da esposa e seus disfarces, a mulher é apresentada como aquela que compreende ter sido descoberta em seu disfarce e não mais escondeu seu apetite ao marido. O modo como esse enunciado finaliza a narrativa permite compreender que o papel do marido está moldado pela autoridade que lhe é atribuída pelas coerções coletivas, que o institucionalizam como aquele que tem o poder de, em nome das regras e dos valores dessa sociedade, sancionar, controlar o comportamento da esposa.

Autor: Rodrigo Dias Alves


Fonte: http://www.pedagogiaaopedaletra.com


 
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